Falta de libido pode ser falta de sono: o elo entre menopausa e desejo sexual
- Dra Júlia Cargnin
- 7 de nov.
- 2 min de leitura

Durante a menopausa, o sono tende a ficar mais leve e fragmentado — e isso vai muito além do cansaço.
A queda dos níveis de estradiol afeta o equilíbrio de neurotransmissores como serotonina e dopamina, responsáveis pelo humor, sono e motivação sexual. Quando esse equilíbrio se altera, surgem sintomas como insônia, irritabilidade e queda da libido [1,2,3].
Além disso, dormir mal estimula a liberação do cortisol, o hormônio do estresse, que está ligado à fadiga, piora do humor e redução do desejo.
Um grande estudo publicado na Urology (Agrawal et al., 2023) mostrou que mulheres com distúrbios do sono têm maior risco de perda de desejo e menor resposta genital [5].
Por que o sono importa tanto na menopausa?
Os distúrbios do sono na menopausa são comuns e influenciam diretamente a qualidade de vida.
O desequilíbrio hormonal interfere no ritmo circadiano, enquanto o sono fragmentado aumenta o estresse e reduz a energia — criando um ciclo que afeta tanto o corpo quanto a mente.
Por isso, avaliar o sono deve fazer parte da consulta ginecológica. Entender como a mulher dorme ajuda a identificar desequilíbrios hormonais e propor um tratamento mais completo e eficaz.
Como melhorar o sono (e o desejo)
Cuidar do sono é também cuidar da libido. Algumas estratégias simples fazem diferença:
● Manter horários regulares para dormir e acordar;
● Evitar cafeína e álcool à noite;
● Praticar atividade física regular;
● E, quando indicado, avaliar a terapia hormonal, que pode ajudar a equilibrar o sono, o humor e o desejo sexual.
Estudos recentes mostram que a terapia hormonal individualizada melhora a qualidade do sono e a função sexual feminina quando usada com acompanhamento médico e na janela de oportunidade [1,2,3].
Dormir bem é parte do cuidado com o corpo, com a mente e com o prazer de viver.
Na menopausa, buscar equilíbrio é o primeiro passo para recuperar energia, bem-estar e libido.
Dra. Julia Cargnin | Ginecologista
CRM-GO 23.738 | RQE 12.536
Referências
1. Fidecicchi T, Giannini A, Chedraui P, et al. Maturitas. 2024;188:108087.
2. Andersen ML, Tufik S. Maturitas. 2025;199:108625.
3. Davis SR. N Engl J Med. 2024;391(8):736-745.
4. Cohn AY, Grant LK, Nathan MD, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2023;108(11):e1347-e1357.
5. Agrawal P, Singh SM, Kohn J, Kohn TP, Clifton M. Urology. 2023;172:79-83.


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