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Canetas emagrecedoras e anticoncepcionais: o que é preciso saber

  • Foto do escritor: Dra Júlia Cargnin
    Dra Júlia Cargnin
  • 22 de ago.
  • 2 min de leitura
Canetas emagrecedoras e anticoncepcionais: o que é preciso saber

As chamadas “canetas emagrecedoras”, como Ozempic® e Wegovy® (semaglutida) e Mounjaro® (tirzepatida), se popularizaram nos últimos anos para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. O que muitas mulheres não sabem é que esses medicamentos podem interferir na eficácia da pílula anticoncepcional, o que tem sido apontado como uma das explicações para o aumento dos chamados “bebês Ozempic”.


Essas medicações atuam no controle do apetite de diferentes formas. Elas reduzem a fome em áreas específicas do cérebro e retardam o esvaziamento do estômago, o que ajuda no emagrecimento. Mas é justamente esse efeito no sistema digestivo que pode impactar a absorção de medicamentos orais, como os anticoncepcionais.


A pílula depende de uma absorção intestinal eficiente para funcionar. Com o trânsito digestivo mais lento, a absorção hormonal pode ser prejudicada. Além disso, sintomas comuns do uso das canetas, como vômitos e diarreia — que afetam uma parcela considerável das usuárias — também podem comprometer ainda mais a eficácia do método oral. Em 2024, um estudo mostrou que a tirzepatida reduziu em cerca de 20% os níveis de etinilestradiol (um dos hormônios usados na pílula) e atrasou sua absorção em até quatro horas. A semaglutida apresentou efeitos menos pronunciados, mas ainda assim relevantes em alguns casos.


Outro ponto importante é que a perda de peso favorece a fertilidade, especialmente em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Muitas vezes, quem antes tinha dificuldade para engravidar passa a ter maior chance de ovulação regular — e, se o contraceptivo não estiver funcionando adequadamente, a gravidez indesejada torna-se uma possibilidade real.


Essa preocupação já levou agências de saúde a se posicionarem. No Reino Unido, a agência reguladora (MHRA) alertou que pode haver falhas na proteção contraceptiva e recomendou o uso de métodos não orais, como DIUs, implantes ou preservativos, principalmente nas primeiras quatro semanas de uso da medicação ou após ajustes de dose. No Brasil, a FEBRASGO reforçou que a semaglutida pode ser usada em associação à pílula, desde que com acompanhamento médico, mas que no caso da tirzepatida deve-se evitar o uso exclusivo de métodos orais. A recomendação é associar um método de barreira por pelo menos quatro semanas após o início ou a mudança de dose. Para mulheres que desejam engravidar, é necessário suspender a semaglutida pelo menos dois meses antes e a tirzepatida, um mês antes da tentativa.


Por isso, se você usa ou pretende iniciar uma dessas medicações, é essencial conversar com sua ginecologista. A escolha do método contraceptivo deve ser individualizada, considerando seu histórico de saúde, planos reprodutivos e perfil de cada medicamento. DIUs, implantes e até a combinação da pílula com preservativo podem ser opções seguras nesse período.


Em resumo, as canetas emagrecedoras representam um avanço importante no tratamento da obesidade, mas exigem cuidado quando o assunto é contracepção. Não se trata de parar a medicação nem de abandonar a pílula, mas de alinhar com sua ginecologista a melhor forma de proteção, garantindo eficácia e tranquilidade.


Em Goiânia, agende sua consulta comigo, 

Dra. Julia Cargnin (CRM-GO 23.738 | RQE 12.536), para avaliar a melhor opção para o seu caso.

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⚠️ Aviso: Este conteúdo é informativo e não substitui a consulta médica individualizada.


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